O portal G1, assim como outras publicações, reportou uma notícia que demonstra – mais uma vez – como empresas de caráter privado, que tem por natureza buscar o aumento de suas margens de lucro, tendem a achar maneiras de comercializar os dados de seus usuários. A Avast, fabricante de antivírus, possuía uma subsidiária, a Jumpshot, que recebia as informações de clientes que haviam instalado o software e as repassava a outras companhias por milhões de dólares, que então as usavam para fins de marketing e exploração de tendências.
De acordo com a reportagem:
“O antivírus da Avast é oferecido gratuitamente e, por isso, tem uma grande base de usuários. A Jumpshot prometia informações sobre ‘todos os cliques, todas as buscas, todas as compras, em todos os sites’ de mais de 100 milhões de dispositivos.”
O texto afirma que era possível desabilitar este compartilhamento de dados, mas que esta opção era um tanto quanto escondida para a maioria dos usuários:
“Embora os usuários pudessem optar por não ceder essa informação, o compartilhamento era ativado por uma solicitação durante a instalação. Antes de encerrar as operações da Jumpshot, a empresa pretendia obter confirmação positiva dos usuários para continuar com a coleta, o que deveria acontecer em fevereiro.”
Repetidamente, na tentativa de justificar a privatização de Dataprev e Serpro, o governo tem afirmado que os dados sensíveis de pessoas físicas e jurídicas brasileiras hoje guardados por estas estatais estarão seguros quando elas forem vendidas e essas bases passarem para as mãos da iniciativa privada, pois a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) estipula multas para a venda ou uso de dados sem autorização.
Entretanto, incessantemente, notícias mostram que a realidade não é exatamente essa. Quando a autorização é requerida, muitas vezes ela se encontra escondida em textos longos ou botões estrategicamente posicionados de maneira obscura, sendo desenhada para que usuários não notem o que estão fazendo. Quando a autorização inexiste, as multas têm pouco efeito prático pelo simples fato de que a venda e a exploração de dados são extremamente lucrativos, tanto que as maiores empresas do mundo (como a Google, a Amazon, e o Facebook) já foram punidas por situações do tipo e continuam a obter ótimos resultados financeiros.
Uma vez que não tem o lucro como objetivo central, estatais como Dataprev e Serpro são essenciais para garantir a segurança de dados financeiros e sociais das empresas e da população, pois o principal compromisso delas é com a soberania nacional e com os serviços de Estado que proveem. E, por isso, estão muito menos suscetíveis a vender informações e explorá-las para propósitos comerciais.
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