Filósofo, historiador, professor, e autor de – dentre outros – “Sapiens: Uma Breve História da Humanidade”, o israelense Yuval Harari foi entrevistado no programa Roda Viva, e entre os tópicos abordados em sua fala, esteve a Tecnologia da Informação e o poder dos dados.
Em sua resposta, destacada no vídeo abaixo no trecho de dois minutos entre 11:53 e 13:53, duas de suas observações são especialmente importantes quando o assunto é a privatização de Dataprev e Serpro. Primeiramente, Yuval Harari afirma que na indústria de tecnologia há uma forte tendência de monopólio; em seguida, ele exemplifica o poder que está contido nos dados, mostrando como empresas e países podem conseguir consideráveis vantagens competitivas sobre seus concorrentes caso acumulem muita informação. Ambos os pontos corroboram com pontos elencados na luta contra a privatização de Dataprev e Serpro.
A disposição monopolista da indústria de tecnologia suporta o argumento de que, se vendidas, não haverá competição para a oferta dos serviços prestados hoje pelas duas empresas: haverá um monopólio que, então, poderá cobrar do governo e da população preços elevados pela manutenção de sistemas e dados que são críticos para o funcionamento da economia, como o pagamento das aposentadorias, o controle de importações e exportações, os registros civis, e o processamento do imposto de renda.
Por sua vez, o poder que está presente nos dados demonstra que ao abrir mão de guardar informações críticas sobre todos os cidadãos e empresas do país, o governo federal está também abrindo mão de sua soberania e de sua capacidade de competir com outras nações. Afinal, quando põe Dataprev e Serpro à venda, ele abre espaço para que o capital estrangeiro possa facilmente obter controle dos dados e aplicações mantidos por Dataprev e Serpro para então usá-los para ter vantagens competitivas.
Por isso, vender Dataprev e Serpro é colocar em risco a vitalidade econômica do país; o poder do Estado sobre dados e sistemas que, por sua natureza, são essenciais para o funcionamento de seus entes e para a melhoria da vida de seus cidadãos; a competitividade do Brasil diante de outras nações; e aspectos essenciais da vida dos brasileiros.